Num primeiro
momento, todos concordariam que é o SER. Na prática, porém, num mundo cada vez
mais capitalista e competitivo, o sistema nos empurra para valorizarmos
bastante o aspecto material. Os meios de comunicação em massa estimulam
absurdamente o consumo, com imagens e propagandas a cada segundo. Os valores
estão sendo invertidos, e o TER tem cada vez mais sido prioridade para a
população.
Ter uma vida
confortável e sem preocupações financeiras é um desejo quase universal. É claro
que é necessário ter dinheiro para sustentar as necessidades essenciais da vida
e ter uma qualidade de vida como: acesso à moradia, saúde, alimento, estudos,
conforto, segurança, bons meios de transporte, possibilidades de acesso a
cursos de aprimoramento, diversões... Uma das causas, porém, do consumismo
desenfreado é a nossa necessidade de ganhar mais, de ter mais posses, mais bens
materiais do que os vizinhos ou amigos, numa competição nada saudável. É como
se o nosso valor estivesse totalmente atrelado ao que possuímos, à fama, ao que
ostentamos... Essa busca costuma trazer muita ansiedade, estresse, problemas
sociais, dificuldades de relacionamentos familiares e amorosos, pois vivemos na
correria para adquirir cada vez mais, atropelando muitas vezes os que estão à
nossa frente.
Aquilo que
fazemos para ganhar a vida é diferente daquilo que fazemos para ter uma vida.
Trabalhamos pelo sustento, porém para fazer uma vida devemos amar, nos conectar,
servir a um propósito e encontrar um real significado.
Na verdade, dinheiro algum será capaz de fazer
recuperar o tempo perdido e mal utilizado por nós. Quando o dinheiro vira
sinônimo de amor, a vida torna-se uma grande confusão. Ele seduz porque
alimenta a ilusão de suprir as faltas e as necessidades emocionais, de estar a
salvo de contratempos da vida , de ser possível aumentar de verdade a nossa
autoestima e de tentar cobrir um grande vazio afetivo. Sabemos, porém, que nada
substitui o afeto.
A maneira de dar, receber, gastar ou acumular dinheiro
revela frustrações emocionais que se arrastam desde a nossa infância. O
dinheiro assume uma função de expressão de força, de poder, para compensar a
nossa fragilidade interna e nossas inseguranças. Precisamos valorizar tudo
aquilo que possuímos, e não só os bens materiais.
Na
realidade, precisamos descobrir outros valores, que de verdade tragam mais
autoconfiança, segurança e satisfação interna. É com a nossa saúde psíquica e
física, bons relacionamentos familiares e sociais, qualidade de trabalho, uma
tranquilidade financeira ( sem necessidade de luxo e riqueza ), que podemos conquistar
uma vida mais plena e mais feliz. Vamos administrar melhor o nosso tempo,
procurando utilizá-lo da forma mais saudável sem esquecer as nossas reais
prioridades, visando uma boa qualidade de vida e uma vida mais prazerosa.
Quando
somos, ficamos mais felizes do que quando temos, além de que o SER não se acaba
com o tempo, é eterno, mas o TER pode terminar a qualquer momento. Vamos correr
atrás do SER: ser gente, ser íntegro, ser amigo, amar e ser amado, ser
solidário..., pois assim teremos mais paz e felicidade.
Solange Bittencourt Quintanilha
Psicóloga
Clínica / Psicanalista / Psicóloga Médico-Hospitalar / Psicóloga Motivacional.
E-mail:
solangepsi8@gmail.com